Thursday, September 22, 2005

Afinal o que é o AMOR?

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Tantos os poetas que cantaram este sentimento!

Tantos os cientistas tentaram perceber o funcionamento deste sentimento!Mas afinal de que lado se encontra a razão?

Se formos seguir a Freud, chegaremos à conclusão que somos uma carrada de histéricos.

Se seguirmos o autor do poema acima vamos encontrar a nossas musas, mas ao menos este tem desculpa que era zarolho.

Razão razão ninguém tem, visto que quando caímos nestas alçadas perde-se a razão por completo e ficamos completamente irracionais, afinal os golfinhos é que têm razão em fazer amor por prazer, mas será amor? Serão fiéis aos respectivos parceiros?

Fidelidade nem nos chimpanzés, porque afinal as fêmeas também gostam de dar umas baldas fora da vista do macho dominante.

Bom ficaremos com o título de um livro de Miguel Esteves Cardoso: O Amor é Fudido.

É fudido o Amor, máximas tipo:
Se amas e és desprezado, despreza e serás amado!

Não fazem sentido, como desprezar alguém de que se ama?

Boa! Há meses que tento e é impossível, fico sem motivação para fazer seja o que for, porque penso simplesmente em entender o que se passa, porque tento encontrar respostas a todos os tipos de perguntas.Agarro-me ao passado, passado que tem tanto de intenso como de efémero, até ao grito de Ipiranga dado por alguém que começo a ter dúvidas dos seus verdadeiros sentimentos ou intenções.
Talvez seja ingenuidade! Ingénuo, boa definição, acreditar que afinal o Amor é possível entre duas pessoas que se entendem bem, onde a cumplicidade é latente, onde acreditei e me dediquei a fundo numa relação que não tem presente nem futuro. Tal a pescada que antes de ser já era, alguem teria de dar o grito de Ipiranga... ela queria liberdade.

Bom afinal Amor é uma prisão.

Que seja uma prisão mas continuarei a ser um condenado a pena perpétua, continuarei a acreditar que o Amor é possivel, é fudido mas é possivel, e se um dia eu der uns estalos no Zarolho?

Catarina bem promete; Eramá! como ela mente!

Catarina é mais fermosa

Para mim que a luz do dia;

Mas mais fermosa seria,

Se não fosse mentirosa.

Hoje a vejo piedosa;

Amanhã tão diferente,

Que sempre cuido que mente.

Catarina me mentiu

Muitas vezes, sem ter lei,

E todas lhe perdoei

Por uma só que cumpriu.

Se como me consentiu

Falar-lhe, o mais me consente,

Nunca mais direi que mente.

Má, mentirosa, malvada,

Dizei: pera que mentis?

Prometeis, e não cumpris?

Pois sem cumprir, tudo é nada.

Nem sois bem aconselhada;

Que quem promete, se mente,

O que perde não no sente.


Jurou-me aquela cadela

De vir, pela alma que tinha;

Enganou-me; tinha a minha,

Deu-lhe pouco de perdê-la.

A vida gasto após ela.

Porque ma dá, se promete;

Mas tira-ma, quando mente.

Tudo vos consentiria

Quanto quisésseis fazer,

Se esse vosso prometer

Fosse por me ter um dia.

Todo então me desfaria

Convosco; e vós, de contente,

Zombaríeis de quem mente.

Prometeu-me ontem de vir,

Nunca mais apareceu;

Creio que não prometeu

Se não só por me mentir.

Faz-me, enfim, chorar e rir:

Rio quando me promete,

Mas choro quando me mente.

Mas pois folgais de mentir,

Prometendo de me ver,

Eu vos deixo o prometer,

Deixai-me vós o cumprir:

Haveis então de sentir

Quanto a minha vida sente

O servir a quem lhe mente.

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