come back
Bom vou tentar fazer alguma coisa disto
vamos ver se resulta
retalhos da vida
Canção grata
Nada,
do que vale um bom dia?
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Tantos os poetas que cantaram este sentimento!
Tantos os cientistas tentaram perceber o funcionamento deste sentimento!Mas afinal de que lado se encontra a razão?
Se formos seguir a Freud, chegaremos à conclusão que somos uma carrada de histéricos.
Se seguirmos o autor do poema acima vamos encontrar a nossas musas, mas ao menos este tem desculpa que era zarolho.
Razão razão ninguém tem, visto que quando caímos nestas alçadas perde-se a razão por completo e ficamos completamente irracionais, afinal os golfinhos é que têm razão em fazer amor por prazer, mas será amor? Serão fiéis aos respectivos parceiros?
Fidelidade nem nos chimpanzés, porque afinal as fêmeas também gostam de dar umas baldas fora da vista do macho dominante.
Bom ficaremos com o título de um livro de Miguel Esteves Cardoso: O Amor é Fudido.
É fudido o Amor, máximas tipo:
Se amas e és desprezado, despreza e serás amado!
Não fazem sentido, como desprezar alguém de que se ama?
Boa! Há meses que tento e é impossível, fico sem motivação para fazer seja o que for, porque penso simplesmente em entender o que se passa, porque tento encontrar respostas a todos os tipos de perguntas.Agarro-me ao passado, passado que tem tanto de intenso como de efémero, até ao grito de Ipiranga dado por alguém que começo a ter dúvidas dos seus verdadeiros sentimentos ou intenções.
Talvez seja ingenuidade! Ingénuo, boa definição, acreditar que afinal o Amor é possível entre duas pessoas que se entendem bem, onde a cumplicidade é latente, onde acreditei e me dediquei a fundo numa relação que não tem presente nem futuro. Tal a pescada que antes de ser já era, alguem teria de dar o grito de Ipiranga... ela queria liberdade.
Bom afinal Amor é uma prisão.
Que seja uma prisão mas continuarei a ser um condenado a pena perpétua, continuarei a acreditar que o Amor é possivel, é fudido mas é possivel, e se um dia eu der uns estalos no Zarolho?
Catarina bem promete; Eramá! como ela mente!
Catarina é mais fermosa
Para mim que a luz do dia;
Mas mais fermosa seria,
Se não fosse mentirosa.
Hoje a vejo piedosa;
Amanhã tão diferente,
Que sempre cuido que mente.
Catarina me mentiu
Muitas vezes, sem ter lei,
E todas lhe perdoei
Por uma só que cumpriu.
Se como me consentiu
Falar-lhe, o mais me consente,
Nunca mais direi que mente.
Má, mentirosa, malvada,
Dizei: pera que mentis?
Prometeis, e não cumpris?
Pois sem cumprir, tudo é nada.
Nem sois bem aconselhada;
Que quem promete, se mente,
O que perde não no sente.
Jurou-me aquela cadela
De vir, pela alma que tinha;
Enganou-me; tinha a minha,
Deu-lhe pouco de perdê-la.
A vida gasto após ela.
Porque ma dá, se promete;
Mas tira-ma, quando mente.
Tudo vos consentiria
Quanto quisésseis fazer,
Se esse vosso prometer
Fosse por me ter um dia.
Todo então me desfaria
Convosco; e vós, de contente,
Zombaríeis de quem mente.
Prometeu-me ontem de vir,
Nunca mais apareceu;
Creio que não prometeu
Se não só por me mentir.
Faz-me, enfim, chorar e rir:
Rio quando me promete,
Mas choro quando me mente.
Mas pois folgais de mentir,
Prometendo de me ver,
Eu vos deixo o prometer,
Deixai-me vós o cumprir:
Haveis então de sentir
Quanto a minha vida sente
O servir a quem lhe mente.
Pois a vida corre bem, mas que vida?
O rapaz estava nervoso, é sexta-feira.
No dia seguinte não poderia falhar, ia ter a oportunidade de passar umas horas com a Maria. Já havia muitas semanas que sonhava com esta oportunidade, era tanta a atracção que tinha por ela! Não lhe saia da sua imaginação, aquela mulher linda tinha a capacidade de lhe fazer mudar de vida, seria capaz de subir às estrelas só para poder ter a oportunidade de poder partilhar com ela alguns momentos a sós. Essa oportunidade ia acontecer e seria no dia seguinte! Como poderia o nosso rapaz passar essa noite com tanta ansiedade?
Saiu, tinha de ser, tinha de tentar divertir-se para que as horas passassem mais depressa, dormir seria impossível, impossível dormir quando no dia seguinte se tem a primeira oportunidade de estar a sós com a mulher dos seus sonhos! Este rapaz não tinha 34 anos, nesse dia tinha 16, exactamente o sentimento de quando teve o primeiro verdadeiro encontro amoroso da sua vida, não há dúvidas o rapaz estava mesmo apaixonado, um comportamento de adolescente era permanente. Só lhe apetecia subir ao Impire state building e gritar para todo o mundo que no dia seguinte iria passar o dia com a sua amada.
Chega o dia D., tinha sido rude a noite, quase não tinha dormido, o homem estava mesmo nas nuvens, pegar no carro e ir buscar pela primeira vez a nina, sem a presença de Tuxa!!! Tinha conseguido avançar o encontro, porque finalmente a distância era longa e não poderiam perder o avião! As desculpas que se encontram quando se quer estar o mais depressa possível com alguém....
Encontraram-se pelo meio dia, apareceu Júlia, linda a rapariga mas essa não era importante, importante era a que vinha atrás, com um saco de lixo na mão.... Nada mais romântico que um saco de lixo?? Que se lixe, é linda a menina, um concentrado de qualidades: beleza, simpatia e um sorriso.... Indescritível! Como fazer com que o coração não comece aos saltos pela rua? Fecha a boca rapaz, ele vai mesmo saltar!!!!!!
Os cumprimentos da praxe, o carregar do carro em dificuldades, sim que a única vontade era mesmo que a ninas estivessem dentro do habitáculo e senti-la ao seu lado pela primeira vez, ao seu lado o sonho ia ser realizado.
Começaram a viagem, ia ser curta esta viagem, talvez para o motorista, por isso raramente ultrapassava os 100 km hora, ele que adora velocidade não passava dos 100! A coisa tinha de durar. Ou melhor, as figuras que se fazem quando se gosta!
As conversas eram baseadas na viagem de Júlia, sim porque fazia uns tempos que não ia à sua terra natal e havia a preocupação da passagem da fronteira, a angústia do regresso depois de vários meses.
Julia adormece, a oportunidade de falar a sós com a sua amada surgiu, começam a brincar, com o nosso amigo a explicar o signicado das letras das placas de matrícula, que regiões atravessavam, as primeiras tentativas de explorar quais seriam os verdadeiros sentimentos de Maria.
Na saída antes do destino, ela pergunta o significado de Ausfhart:
-Saída! Responde o Quim e saiu da auto-estrada!
Ai a concentração! Ou seria a falta dela, se calhar a concentração estava lá, apenas não lhe fazia uso. Realmente nada melhor que andar à procura do caminho numa cidade que se conhece mal, mas não faz mal, havia tempo e era mais uma forma de prolongar a viagem. Depois de algumas peripécias lá conseguem encontrar o bom caminho e chegaram ao famoso Unique airport. Nada arrogantes estes tipos! Aeroporto único! Enfim sempre a julgarem-se superiores aos outros, mas isto é a Suíça, a rivalidade entre cantões e sobretudo entre regiões linguísticas. Mas isto não interessa, o importante é que o menino estava doidinho por estar na presença da linda Maria.
Ao chegarem ao aeroporto procuraram o check-in correspondente para depois poderem saborear algo, porque a viagem foi longa! Sobretudo quando se conduz a 100 km/h, 3 horas para fazer 230 km, realmente é um abuso mas o rapaz foi perdoado, a coisa era demasiado evidente.
No regresso foi a mesma coisa, devagar devagarinho porque isto de andar depressa não é para alentejanos, foi um regresso em que houve algumas perguntas, muitas insinuações de parte a parte e sobretudo deixar bem claro que Tuxa nada representava para o nosso adolescente por um dia e sobretudo confidencias de parte a parte, a cumplicidade entre os dois estava a fortalecer-se e só faltava prolongar a coisa porque a chegada a casa estava a acontecer muito rápido, pelo menos a ver do condutor, e não seria o caso da Maria? Quim está convencido que era mútuo! Para o conseguirem teria de passar por uma saída a 3, mal por mal ao menos o partilhar da sua presença por mais algumas horas era a sobremesa, a doce sobremesa depois de um prato principal bem saboreado!
Por uma questão de princípio Maria passou para o banco de trás, mas a colocação do retrovisor numa posição estratégica e a Maria sentada no meio com os braços entre o bancos compensavam o facto de não estar ao seu lado e nas brincadeiras que se faziam não havia mais dúvidas a atracção era mesmo mútua e a cumplicidade entre os dois mais que certa.